Confesso que o descuido já faz parte de mim há algum tempo... crio os blogs, tenho milhares de ideias e de repente... sento-me no chão a olhar para uma parede com posters e panos de bandas que ouvi no dia em que os momentos de insanidade me faziam sorrir, em que a aparelhagem não tinha pó, em que as fitas das cassetes se gastavam dos loops constantes...
Ainda me lembro quando gravava os programas de metal que passavam nas rádios, quer regional, quer nacional... sonhava muitas vezes destronar o António Freitas e passar música decente... mas tudo passa...
O som que me acompanhou durante anos desligou-se e só o liguei por momentos para escrever este texto...
Os repentismos que me assolam a falta de vontade de ler, o fugir à escrita, o olhar para uma bateria a envelhecer ao meu lado, o ouvir de um som solto que já não me desperta... faz-me pensar... entristece-me o desprezo que dou à música... o meu mundo livre durante parte deste arrastar...
Curiosamente ou não, falava com um amigo que teve alguns projectos musicais, incluindo a solo, e disse algo que me pôs a pensar: "actualmente faço a música para me divertir...não me interesso com um resultado final elaborado... fico feliz por apenas agarrar num instrumento e fazer um som..."
A música, como aprendi a conhecer, perdeu-se por vários corredores de uma suposta vida... o do desprezo - onde deixei alguns géneros e sub-géneros, o da mágoa - onde deixei alguns músicos, o da morte - onde deixei bandas, concertos, o meu palco... o meu sonho...
Crio blogs, criei projectos musicais, aparece um sorriso no rosto e uma vida na alma... e tudo isso...
...simplesmente para alimentar o ego momentâneo da ausência...
